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Plantas da Caatinga

Aproveitando que estão chegando novas pessoas, vindas através da parceria com o Therapy Instituto e Thricology Cosmetics de Recife, vou abordar um pouco o assunto: plantas da Caatinga.
Em 2020, enquanto estudava sobre extração de óleos vegetais no Sistema Florestal Brasileiro, tive acesso ao bioma da Caatinga e fiquei fascinada ao revisitar esse conteúdo pois, no ensino básico, os biomas que são de extrema importância para o planeta, fazem parte de um currículo solto e enviesado, que não faz jus à sua grandeza, beleza e diversidade.


Segundo o ISPN – Instituto, Sociedade, População e Natureza, esse bioma tem uma importância fundamental para a biodiversidade do planeta, pois 33% de sua vegetação e 15% de seus animais são espécies exclusivas (endêmicas), que não existem em nenhuma outra parte do mundo.


A Mei Mei gostaria de fazer um blend com a diversidade de plantas existentes em todos os biomas. Porém, é uma realidade utópica, pois demanda vários “tem quês”, como: investimento na cadeia produtiva, apoio ao plantio consorciado e que respeite a sazonalidade, suporte ao agricultor, estudo e pesquisa sobre a biodisponibilidade de constituintes químicos das plantas, além de investimento nas áreas mais desrespeitadas do Brasil, como: Biologia, Agronomia, Geografia e Gestão Ambiental.


A realidade é que apenas 9% de toda nossa biodiversidade está catalogada e tem alguma espécie de estudo sobre X ou Y planta, pois o grande projeto que tínhamos, seriam as farmácias vivas que contam com pouco investimento, fato que impede que haja pelo menos uma farmácia por Município.


Para não ser injusta, fui buscar as informações no Ministério de Saúde sobre o investimento da pasta em fitoterápicos e medicinais, e em 2020, cerca de 7,9 milhões foram destinados a melhoria do acesso da população aos fitoterápicos, através das Farmácias Vivas. As 10 secretarias municipais de saúde beneficiadas, foram: Araraquara (SP), Salvador (BA), Varginha (MG), Afogados da Ingazeira (PE), Cachoeiras de Macacu (RJ), Brumadinho (MG), Pindamonhangaba (SP), Quijingue (BA), São Cristóvão (SE) e Caruaru (PE)
Também em 2021 a Fiocruz publicou sobre as Farmácias Vivas serem o destaque do ano e propagou de forma gratuita e acessível à maioria da população uma série de webnários, cujo tema foi a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).


Entretanto, antes de comemorarmos é necessário saber que uma única empresa farmacêutica, a Bayer, faturou na pandemia, 9 bilhões. Já em 2021, o faturamento das farmacêuticas chegou a 1 trilhão. Fazendo um paralelo sobre a oferta de investimentos, não é difícil perceber onde e o que faz-se necessário mudar, certo?


Mas, voltando as plantas da Caatinga, usamos uma planta lindíssima desse bioma que é a entrecasca do ipê roxo (Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.). O ipê roxo deslumbra os nordestinos ao exibir a exuberância de suas flores, que aliás, são comestíveis. Da madeira dessa frondosa árvore são feitos móveis e instrumentos musicais. Algumas partes da plantas são popularmente utilizadas para: reumatismo, ITS, úlcera, disenteria e nas cascas seu uso se dá, como: anti-inflamatório, antialérgico e cicatrizante.

Uma pesquisa de 1956 de Oswaldo Gonçalves de Lima, pesquisador do Departamento de Antibióticos da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco, extraiu a naftoquinona do ipê-roxo e possibilitou posteriormente a fabricação do lapachol, remédio usado no tratamento de câncer de estômago. A betalapachona, um subproduto do lapachol, também isolada pelo pesquisador, está sendo pesquisada para desenvolver as possíveis formas farmacêuticas do produto.


Outras plantas fantásticas da Caatinga são: cumaru nossa baunilha brasileira, o juazeiro, a jurema branca, malva branca, o mandacaru, a quixaba, o umbuzeiro, entre outras plantas incríveis e pouco ou quase nada, pesquisadas.
Nós temos acesso ao ipê roxo, porque ela é facilmente encontrada em outros biomas, como da Mata Atlântica, por exemplo. Mas, tenta imaginar um blend adoçado com cumaru?


Uma outra curiosidade é a planta Jitirana, uma trepadeira da Caatinga que é utilizada na agroecologia para beneficiar o plantio consorciado do coentro e da beterraba. A publicação do estudo que consta na Revista Verde em Pombal/PE, concluiu que o melhor desempenho econômico, ao utilizar no adubo a planta jitirana, que já estava disponível no espaço, em uma dosagem de 4,0 kg m-2 de canteiro, trouxe para o agricultor uma taxa de retorno de R$ 4,52 e índice de lucratividade de 77,87 %.


Isso nos mostra que há muito o que estudar sobre as medicinais espalhadas por esse Brasil abençoado e que, se destinados valores mais atrativos, os agricultores começarão a plantar mais e mais medicinais, facilitando assim o acesso da população.

E você, que plantas da Caatinga conhece e usa no seu dia a dia?

Fontes:

https://ispn.org.br/biomas/caatinga/#:~:text=Esse%20bioma%20tem%20uma%20import%C3%A2ncia,nenhuma%20outra%20parte%20do%20mundo.


Ministério da Saúde apoia ampliação de Farmácias Vivas em todo o País https://aps.saude.gov.br/noticia/11336


https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/farmacias-vivas-foram-destaque-no-ultimo-webinario-da-serie-sobre-os-15-anos-da-pnpmf/


https://ictq.com.br/industria-farmaceutica/1457-com-pandemia-bayer-registra-lucro-de-r-9-bilhoes-em-2020#:~:text=Com%20pandemia%2C%20Bayer%20registra%20lucro%20de%20R%24%209%20bilh%C3%B5es%20em%202020


https://www.brasildefato.com.br/2021/05/31/covid-19-farmaceuticas-faturam-r-1-trilhao-em-2021
Jornal BIOQUIMICAp (2012): Nosso cientista Oswaldo Gonçalves de Lima – Acesso em 8 de janeiro de 2016


Revista Verde, v.11, n.1, p.78-83, 2016
https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/4497/3866

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