Qual a primeira ideia que você tem quando falam para tomar um macerado de boldo para tratar ressaca? As ervas que ajudam o fígado têm gosto ruim, certo?
O que vem à cabeça quando o médico te informa de uma esteatose hepática grau 3?
Porque a alcachofra faz bem para o fígado?
O universo das plantas é muito vasto e o Brasil possui a maior diversidade genética vegetal do mundo. Ainda possuímos poucas plantas catalogadas, cerca de 10% da totalidade encontrada , algo em torno de 550 mil e anualmente apenas 8% delas são estudadas. Normalmente plantas como carqueja, alcachofra, cardo mariano, boldo e outras que ajudam no equilíbrio do fígado tem um constituinte químico em comum. Mas, antes de falar desse constituinte em comum, vamos retornar no uso de ervas medicinais no Brasil.
As ervas fazem parte do arsenal da cultura popular do nosso País. Nossa ancestralidade é carregada da sabedoria popular que sempre fez uso das medicinais. Inclusive, muitas das medicações alopáticas são análogas as medicinais. As comunidades ribeirinhas, quilombolas e principalmente os povos originários sempre fizeram uso das medicinais para tratar seu povo.
Além disso, muitas comunidades mais afastadas dos grandes centros urbanos possuíam benzedeiras e/ou rezadores que faziam uso do conhecimento ancestral passado de geração para geração para tratar com ervas medicinais.
E como essas pessoas sabiam que aquela determinada planta era boa para fígado ou dor de barriga, por exemplo?
Como elas sabiam que aquela planta não era tóxica ou, se administrada de forma incorreta poderia intoxicar? Em uma época onde não conseguíamos estudar farmacologicamente os constituintes, como os povos sobreviveram antes da criação das medicações?
Para responder essas questões, preciso trazer Paracelso, um suíço-alemão que viveu entre os séculos XV e XVI e foi considerado o pai da toxicologia. Paracelso proferiu a famosa frase que certamente você já ouviu uma vez na sua vida: “A diferença entre o remédio e o veneno está na dose”
Logo, o uso das medicinais sempre foi empírico e foi se desenvolvendo no decorrer da história com muitos erros e acertos, até que no século XIX foi isolado o primeiro constituinte e dado a largada para o uso estruturado e consciente das medicinais.
O gosto “ruim” das ervas que ajudam o fígado se dá pelo constituinte de nome alcalóide. É ele quem traz o gosto amargo. Entretanto, também é ele que traz o alívio da dor, a desinflamação, entre outros benefícios. Mas, é ele que também intoxica. O tabaco é um exemplo de planta rica em alcalóide que pode intoxicar e levar uma pessoa a morte se não tratado rapidamente. O tabaco é tão perigoso que durante a colheita o agricultor deve usar roupa adequada, pois a pessoa se contamina se pegar a folha sem proteção adequada. Os sintomas típicos de intoxicação por alcalóide , são: euforia, tremedeira, alucinações, intoxicação por metais pesados, etc.
Portanto, respeitar dosagens, tempo de uso e quantidade é fundamental para um tratamento adequado. Para isso, consulte sempre um profissional formado na área.
Fonte: https://crqsp.org.br/a-quimica-das-plantas-medicinais/