A Forbes Agro Brasil, em janeiro de 2025, alertou que alimentos como café, cacau, carne e azeitonas estão entre os mais vulneráveis às alterações climáticas. As mudanças climáticas bateram na porta e é possível ver a repercussão nas ervas medicinais, através das secas prolongadas, eventos extremos (enchente RS) e aumento de doenças nas plantações, fato que vêm reduzindo a produtividade global dessas culturas, com impactos significativos no setor alimentício.
1. Cacau e nibs: terapia ameaçada
O cacau é extremamente sensível a variações de temperatura e umidade. Regiões da África Ocidental, que produzem mais da metade do cacau global, já enfrentam queda de rendimento e expansão de pragas . Estima-se que até 2050 até 30% da produção possa desaparecer . Isso torna o cultivo de nibs de cacau — usado em terapias e plantas medicinais — inviável economicamente e ambientalmente.
Por aqui já sentimos os impactos dessas mudanças climáticas, pois devido ao encarecimento da matéria prima do nosso blend Felicidade, tivemos que removê-lo da linha. Outras ervas medicinais que utilizamos sofreram aumentos devidos as enchentes no Sul do Brasil.
2. Café em xeque
Cultivo predominante no clima tropical, o café enfrenta redução drástica de áreas adequadas para plantio — estima-se perda de até 50% de terras até 2050 . No Brasil, a combinação de secas, tempestades e doenças como ferrugem e broca do café já reduziu colheitas em até 33% . Em pensar que meu pai e meu padrinho tocaram muitas empreitadas de café há 35 anos atrás no norte do Paraná. 🙁
3. Bananas, grãos e carne: caldo em ebulição
Bananas estão sob risco duplo: sensíveis ao calor e vulneráveis a doenças fúngicas, como a Sigatoka negra (arxiv.org). Grãos como arroz, milho e feijão também sofrem queda de produtividade por secas e enchentes (forbes.com.br), o que encarece rações e reflete diretamente no preço da carne .
4. Azeitonas e azeite: luxo em risco
No Mediterrâneo, secas severas reduziram dramaticamente a produção de azeitonas. Isto elevou os preços do azeite — que já mais que dobrou nos últimos anos . Com solo mais seco e menos água, a colheita já encolhe e os custos sobem. Um outro blend da nossa linha que sofrerá devido às mudanças climáticas é o Potência, que utiliza como erva medicinal, a folha da oliveira.
📈 Impactos no setor alimentício
As mudanças climáticas afetaram algumas ervas que utilizamos, desde nibs do cacau, casca de laranja e limão e outras ervas medicinais. devido aos fatores elencados abaixo:
- Descontinuidade de oferta: falta de ingredientes-chave gera rupturas na cadeia de produção.
- Alta de preços: já há alta real em cacau, café e azeite, que deve se intensificar.
- Pressão sobre pequenos produtores: populações vulneráveis (pequenos agricultores e comunidades) são as primeiras a sofrer com estoques reduzidos e preços instáveis – já há colheitas em risco na África. No caso do Brasil o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul afetou o preço da laranja, limão e maçã, itens que usamos em nossas produções.
- Impactos nas plantas medicinais: se eventos climáticos eliminarem plantas como cacau ou café, terapias associadas a nibs e compostos perderão base agrícola e científica.
🌱 O que pode ser feito
- Tecnologias climáticas adaptativas: sistemas de irrigação por gotejamento já são úteis no café, biotecnologia também.
- Agroflorestas: combinam árvores e culturas, protegendo solo e microclima — eficaz para cacau e café. O plantio agroflorestal, ajuda na recuperação de áreas degradadas, aumento da biodiversidade, melhoria da qualidade do solo, conservação da água e redução do uso de agrotóxicos.
- Diversificação de culturas: reduzir risco com mais variedades resistentes ao calor.
- Consumo consciente: pressionar por rastreabilidade e apoio a produtores que adotem práticas sustentáveis.
🍫 Conexão: você, o cacau e o futuro
Se o cultivo do cacau falhar, produtos como os nibs, apreciados não só por sabor, mas por potencial terapêutico, também ficarão em risco. Isso não afeta apenas a indústria do chocolate — impacta a medicina natural, inovação botânica e bem-estar de comunidades que dependem desse cultivo. Certamente o impacto das mudanças climáticas não favorece o uso desse fruto que também é utilizado na Fitoterapia como erva medicinal.
✍️ Conclusão
As mudanças climáticas não são abstratas: ameaçam o nosso café da manhã, o doce do chocolate, terapias naturais e até a tampa do azeite gourmet. O setor alimentício inteiro está diante de uma encruzilhada: reinventar-se ou perder a diversidade que sustenta saúde, cultura e economia.